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| O Menino Amarelo, de Richard Outcault. |
Os Quadrinhos hoje estão na moda, passaram a ser protagonistas da cultura pop dos nossos tempos, estão nas adaptações feitas para os cinemas, para os desenhos animados, camisetas vendidas em grandes magazines, pijamas, chinelos, caderno. Para onde olhamos há referências as histórias em quadrinhos.
Está forma de arte e entretenimento já viveu várias fases, é um fenômeno mundial que carrega as características dos mais variados povos, isto aparece claramente nos mangás japoneses e nos super-heróis norte-americanos, são representações de sua cultura, de sua forma de vida.
O surgimento desta que é chamada de nona arte foi, segundo alguns, em 1895 na sua forma mais completa: é com o Yellow Kid, uma criação do norte-americano Richard Outcault, que temos pela primeira vez a presença de um personagem principal fixo, de algo parecido com o que viriam a ser os balões de fala dos quadrinhos e de uma história mais consistente. Tal HQ foi um fenômenos, disputada por vários jornais do país, mas tem antepassados, entre eles um ítalo-brasileiro.
Angelo Agostini e mais alguns europeus já desenhavam e publicavam obras que uniam desenhos e textos antes de Outcault, estes não estavam porém ainda em balões e nem tão pouco possuíam personagens fixos, eram uma das raízes da árvore genealógica dos quadrinhos,
No Brasil, eles aparecem no século XIX, tem destaque na luta pelo fim da escravidão e contra a monarquia, figuram em dezenas de publicações de vários províncias da época. A escravidão e o império acabam mas os quadrinhos se fortalecem, ganham espaço em jornais, passam a ter suplementos exclusivos em alguns periódicos, surge a publicação que viraria sinônimo de HQ no Brasil: o Gibi, uma alusão a um menino negro que sempre figurava na capa da revista.
A relação das histórias em quadrinhos com a educação se fez presente já no Império, com as histórias de Angelo Agostini educando os que não eram alfabetizados através de sua arte, contra a escravidão. na sequência temos a mesma publicação criada por Agostini fazendo a defesa da República e dos novos hábitos e costumes que está trazia, educando nesta perspectiva.
Os exemplos de publicações de quadrinhos com fins educacionais são incontáveis, seja nas campanhas publicitárias de governos sobre os mais diversos temas, várias que já tiveram como protagonistas os personagens de Mauricio de Souza e de Ziraldo, da campanha pelo alistamento de jovens para servir as Forças Armadas, ou para soldados em atividade que recebiam suas instruções na forma de revistas em quadrinhos na Segunda Guerra.
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| Página do Menino Amarelo, presença de balões de fala. |
Mais recentemente um forte marco da utilização das HQs com fins educacionais se deu com a criação dos editais governamentais de apoio à publicação, estes tem gerado um mercado novo, estimulado centenas de adaptações literárias de obras clássicas para este formato, muitos inclusive dando um novo olhar, um enfoque mais moderno a consagradas obras de arte, atualizando-as ao nosso tempo.
Esta iniciativa não é uma exclusividade brasileira, impulsionou o mercado editorial de HQs do Uruguai, por exemplo, tema que trataremos em artigo mais para frente.
As escolas tem recebido aos milhares estas publicações, não há biblioteca que não as tenha. A questão é como estimular os professores a criarem planejamentos pedagógicos que incluam histórias em quadrinhos, que estas não sejam utilizadas apenas de maneira pontual, para tornar mais lúdica uma aula específica, mas sim como parte de uma estratégia contínua de educação.
Há várias experiências relatadas, trabalhos produzidos e publicados que ajudam nesse caminho, superam os preconceitos que ainda aparecem quando escutamos que os quadrinhos inibem o gosto pela leitura de livros, que gibis imbecilizam as crianças, ou aquela que atribuem aos quadrinhos, filme e outras formas de cultura pop a responsabilidade por fatos violentos que algumas vezes acontecem com a juventude.
Tudo falsa polêmica, histórias em quadrinhos hoje tem seu posto consolidado, é arte, pode ser usada tranqüilamente para educar, para se divertir, nos faz rir, chorar, refletir. Não perdem em nada para as demais modalidades artísiticas, ao contrário, são as únicas que articulam na mesma folha o texto e a imagem, que transmitem a sensação de movimento, que nós fazem ir além do que ali figura. Vale a pena conferir uma e ampliar os seus horizontes!
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| A Independência do Brasil em Quadrinhos, obra de André Diniz, Escala Editorial. |
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